Matéria: Likes invisíveis: Qualidade ou Quantidade? – InfoBranding

Durante o primeiro semestre desse ano, a internet trouxe à tona a possibilidade de o Instagram retirar a visualização do número de curtidas de fotos e vídeos publicados na plataforma. A novidade que, inicialmente, foi negada pela empresa em questão, posteriormente confirmada através da Conferência F8 de 2019 e, hoje, colocada em prática na plataforma, trouxe como proposta a busca legítima por conteúdos de qualidade sem a influência das métricas, uma vez que os números se tornaram um sinalizador de popularidade, gerando ansiedade ou, até mesmo, depressão nos usuários e pressão nos resultados de marketing das empresas.

Mesmo com a mudança, os usuários não terão grandes impactos nos alcances de suas publicações, uma vez que a plataforma não deixará de exibir o conteúdo, mas somente os números. Além disso, a novidade faz bastante sentido se pensarmos que um conteúdo produzido na internet não deve ser medido pelo usuário a partir, apenas, do número de curtidas. Ou seja, o seguidor deve se concentrar ao conteúdo que ele de fato acredita ser relevante ou, ainda, compatível com seu estilo de vida.

A questão das métricas só devem interessar ao gerenciador da publicação, de forma que ele possa medir o quanto vem engajando seu público com o conteúdo ofertado. É possível, entretanto, que não havendo transparência no volume de likes, seguidores e alcance dos posts, alguns influenciadores que trabalham com publiposts, venham a inflar os números nos mídia-kits, deixando as marcas contratantes com uma certa insegurança.

Nestes casos, assim como já ocorre com alguns perfis que utilizam robôs para inflar o número de seguidores, o ideal é que as marcas se cerquem sobre a autenticidade dos números exibidos pelo influenciador. As marcas podem solicitar prints online de posts específicos de datas anteriores, ou até mesmo,solicitarem acesso às métricas, dessa forma é possível validar todas as informações.

Em transmissões ao vivo, a marca também poderá checar quantos internautas estão plugados no conteúdo que está sendo transmitido e o endosso de outras empresas que já se utilizaram do canal/influencer também deve constar no rol das checagens.

Vale lembrar que quando a plataforma iniciar os testes sob o novo recurso, nenhum usuário estará livre da atualização. É possível que o Instagram inicie alguns testes, e caso o resultado seja positivo, e saia como esperado, a atualização será global, o que pode dividir bem as opiniões, como geralmente ocorre com ajustes que geram alterações de comportamento nas mídias sociais.

Com as rápidas informações alcançadas na internet, além de seu consumo desenfreado, é normal que usuários levem em consideração as avalições a partir das curtidas e dos comentários em publicações das mídias sociais, blogs, sites, portais e outros. Mas a medida que pode ser tomada pelo Instagram é semelhante ao que já vimos na mídia tradicional.

O interessante da proposta da plataforma é que, se formos analisar o consumo das programações de TV ou, até mesmo, de algumas plataformas de filmes e séries, nós não temos como mensurar, somente em likes e curtidas, o quão relevante aquela produção de fato foi, pela técnica utilizada, pela performance do ator ou ainda, simplesmente, pela preferência de gênero, já que uns gostam mais de drama, enquanto outros de terror.

Nesse sentido, essa é a intenção do Instagram, tornar o conteúdo compatível com determinado usuário e fixar a atenção por familiaridade diante do que foi produzido pela empresa ou pelo influenciador digital, desmistificando as métricas de vaidade.

Como toda novidade traz uma certa resistência de aceitação do público, com a atualização do Instagram não será diferente.A mudança, apesar de positiva, poderá reduzir os altos índices de depressão e ansiedade, além de qualificar os dados e conteúdos publicados. É provável que usuários se sintam bastante incomodados com a alteração dos likes inicialmente, mas por um curto prazo, afinal, as pessoas acabam se acostumando. Logo será possível verificar a qualidade rendendo sob a quantidade, com uma relação mais humana e seletiva sob determinados assuntos.

Fernando Souza é especialista e pioneiro em comunicação e mídias sociais no Brasil e atua no mercado há 15 anos, desde o primeiro blog lançado em 2006: Twitter Brasil. O profissional possui ampla experiência nos mais diferentes processos de marketing digital, mercado no qual vem empreendendo nesse período e, atualmente, ministra cursos In Company na São Paulo Digital School e é docente de Marketing Digital e Negócios Digitais das aulas de pós-graduações do IED (Instituto Europeu de Design) e da FIA (Fundação Instituto de Administração).

Souza é fundador da FS Consultoria & Treinamento, realizando consultoria para empresas de diferentes portes e segmentos, ministrando também palestras e workshops para diversas instituições, tais como: Globosat, Abbott, Ammo Varejo, Quiksilver, GO Eyewear (Cartier, Montblanc, Evoke, Ana Hickmann), Kimberly & Clark, Votorantim Cimentos, Grupo Dass, MIS, Shopping Eldorado, PUC-SP e ESALQ-USP. Mais informações no site.

Fonte: https://www.infobranding.com.br/likes-invisiveis-qualidade-ou-quantidade/